
O Ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, causou polêmica ao declarar apoio antecipado à fusão entre as companhias aéreas Azul e Gol. A afirmação foi feita durante um evento em Foz do Iguaçu (PR), antes mesmo de o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) concluir a análise técnica da operação, levantando preocupações sobre os impactos na concorrência e nos preços das passagens aéreas no Brasil.
Justificativa do Ministro
Silvio Costa Filho defendeu que a fusão fortaleceria o setor aéreo, promovendo maior eficiência operacional e ampliando a aviação regional. Segundo ele, a integração das companhias permitiria eliminar voos redundantes e redistribuir aeronaves para atender novos destinos. Ele demonstrou otimismo em relação aos preços:
“Tenho muita confiança de que não haverá aumento de passagem. Pelo contrário, teremos economicidade em muitos voos e um setor mais robusto.”
O ministro também destacou o risco de colapso financeiro no setor caso a operação seja rejeitada, mencionando que as empresas representam cerca de 64% do mercado doméstico.
Preocupações com a Concorrência
A proposta de fusão tem sido alvo de críticas por especialistas e consumidores. Com a união, Azul e Gol controlariam aproximadamente 60% do mercado doméstico, criando um duopólio no setor. A Latam ocuparia o restante, reduzindo drasticamente a concorrência. Especialistas alertam que essa concentração de mercado pode levar ao aumento das tarifas e à piora na oferta de serviços, principalmente em rotas atendidas exclusivamente por uma das companhias.
Além disso, o apoio antecipado do ministro é visto como uma pressão indireta sobre o Cade, órgão responsável por garantir a neutralidade e avaliar os reais impactos da fusão. Essa postura compromete o debate técnico e a análise detalhada que o caso exige.
Contexto da Declaração
As declarações foram feitas durante a inauguração da modernização do Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu, que recebeu investimentos de R$ 350 milhões pela concessionária CCR Aeroportos, com apoio do BNDES. O evento acabou sendo palco para reforçar o discurso do governo sobre o fortalecimento do setor aéreo em meio às dificuldades econômicas enfrentadas pelas companhias.
O Papel do Cade
A decisão final sobre a fusão está nas mãos do Cade, que terá a tarefa de balancear os possíveis benefícios da operação com os riscos à concorrência e aos consumidores. A prioridade deve ser uma análise técnica imparcial, garantindo que qualquer decisão seja baseada em dados sólidos e no melhor interesse do mercado e da população.
Enquanto isso, o setor e os consumidores aguardam ansiosos pela decisão, que pode redefinir os rumos da aviação brasileira.