
O Presidente da República de Moçambique, Filipe Jacinto Nyusi, revelou ter mantido, na quarta-feira, um contacto telefônico com o candidato presidencial Venâncio Mondlane. O diálogo, que se estendeu por mais de uma hora, teve como objetivo abordar as tensões pós-eleitorais decorrentes das manifestações contra os resultados das eleições de 9 de outubro. Nyusi afirmou que continuará promovendo diálogos semelhantes, mas recusou-se a revelar o conteúdo da conversa, justificando a necessidade de responsabilidade e discrição.
Contexto Político Tenso
As eleições de 2024 resultaram na vitória da Frelimo e de seu candidato com mais de 70% dos votos, o que gerou protestos liderados por Venâncio Mondlane, do partido PODEMOS, e questionamentos sobre a legitimidade do processo eleitoral. Em resposta, Nyusi buscou demonstrar compromisso com a estabilidade e rejeitou rumores de que teria intenções de prolongar sua permanência no poder.
Compromisso com a Constituição
Durante um pronunciamento à nação, Nyusi reafirmou que deixará o poder em 15 de janeiro de 2025, como previsto pela Constituição. Ele descartou as especulações sobre possíveis manobras, como a decretação de Estado de Emergência ou Estado de Sítio, para estender seu mandato.
“Sempre disse que não tenho nenhuma intenção de permanecer no poder e muito menos de fazer o terceiro mandato. Os moçambicanos podem estar confiantes, seguros e tranquilos porque isso não vai acontecer,” declarou Nyusi.
Resposta de Venâncio Mondlane
Durante uma videoconferência com parlamentares do grupo Renew Europe, Mondlane expressou preocupação com as intenções do Presidente, sugerindo que Nyusi poderia usar os protestos como justificativa para declarar Estado de Emergência. Contudo, o líder do PODEMOS não revelou o teor da conversa entre os dois, mantendo o foco nas expectativas pela validação oficial dos resultados pelo Conselho Constitucional, prevista para segunda-feira.
Trégua Temporária nos Protestos
Desde a última quinta-feira, as manifestações entraram em uma pausa. Mondlane indicou que as próximas ações dependem do desfecho do julgamento pelo Conselho Constitucional.
Palavra Final
Nyusi enfatizou que seu compromisso é com a paz e que deixará o cargo com o sentimento de “missão cumprida”. Apesar das tensões, o Presidente assegurou que não há intenção de romper com os princípios constitucionais.
Essa reafirmação pode trazer algum alívio aos moçambicanos em um período marcado por incertezas e protestos. Contudo, o próximo capítulo dessa história será definido pelo desfecho das decisões judiciais e pela aceitação ou rejeição dos resultados eleitorais nas ruas.