
O jovem blogger Mano Shottas foi fatalmente baleado enquanto fazia uma transmissão ao vivo no Facebook, documentando os protestos que ocorriam na fronteira de Ressano Garcia, entre Moçambique e a África do Sul. Durante a transmissão, Shottas estava a filmar a repressão policial contra manifestantes quando foi atingido nas costas por um disparo. As últimas palavras do blogger, enquanto o vídeo mostrava seu rosto contorcido pela dor, foram de apelo por socorro, enquanto ele repetia que estava a morrer.
O vídeo rapidamente se espalhou nas redes sociais, com registros feitos por ativistas como Cídia Chissungo, que compartilharam as imagens dramáticas do momento. O jovem estava a denunciar o uso de gás lacrimogéneo contra casas com crianças e foi surpreendido pelos tiros enquanto documentava a violência policial. Ele foi atingido logo após a transmissão de um pedido de socorro, com a câmera ficando negra enquanto ele implorava por ajuda.
Adriano Nuvunga, diretor do Centro para a Democracia e Direito Humanos (CDD), afirmou que Mano Shottas morreu devido ao disparo e acusou os militares da Unidade de Intervenção Rápida (UIR) de proteger interesses privados, mencionando o envolvimento de camiões pertencentes ao ministro das Obras Públicas, Carlos Mesquita. Nuvunga classifica o assassinato como um crime político, refletindo a violência crescente e a repressão dos protestos em Moçambique.
O caso gerou uma onda de revolta popular, com manifestações intensificando-se após a morte de Shottas. De acordo com Nuvunga e outros ativistas, mais de 120 pessoas perderam a vida nos recentes confrontos com a polícia durante a crise, que se intensificou após as eleições de outubro. A polícia tem reprimido violentamente os manifestantes, enquanto estes, por sua vez, incendeiam propriedades e atacam infraestruturas.
As autoridades moçambicanas, por sua vez, continuam a trabalhar para garantir a segurança na região, com o ministro dos Transportes e Comunicações mencionando esforços para proteger os corredores logísticos da Ressano Garcia, essenciais para o comércio com a África do Sul.
Este trágico incidente ressalta os perigos enfrentados por jornalistas e manifestantes em um contexto de crescente violência e repressão política em Moçambique.
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